Setembro /2023
Palestra – Caridade Material e Caridade Moral
O que é a caridade? Qual sua etimologia? Onde está posta a noção de caridade? Podemos separar a caridade material da caridade moral? Como?
Caridade — do latim caritas (amor), de carus (caro, de alto valor, digno de apreço, de amor). Hoje, identifica-se com o paternalismo e a esmola. No entanto, a caridade é algo mais profundo.
Identifica-se com o amor se este estiver despido de ambiguidade.
Relaciona-se com a justiça, que é base das virtudes cardeais.
Inculca ordem – paciência para que a lei de Deus se faça presente.
Para o Espírito Emmanuel, a caridade pode ser entendida como:
"Não olvides que a caridade é o coração no teu gesto."
A noção de caridade está posta na PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO.
Jesus, nessa parábola, conta que um homem descia de Jerusalém para Jericó e foi vítima de salteadores, que o deixaram estatelado no chão. Passaram por ele um sacerdote, um Levita e um Samaritano.
O sacerdote e o levita ignoraram o sujeito.
O Samaritano, considerado herege, parou, socorreu o moribundo e o levou a uma hospedaria. Antes de prosseguir o seu caminho, deixa algumas moedas para o seu tratamento.
A caridade está simbolizada na AÇÃO DO SAMARITANO que, embora menos esclarecido que os outros quanto à lei de Deus, auxilia de coração.
“A Caridade Material e a Caridade Moral” diz respeito às instruções dos Espíritos, que estão catalogadas no capítulo XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, cujo título é: “Que a vossa Mão Esquerda não Saiba o que Dá a vossa Mão Direita”.
Os outros subtítulos são: Fazer o bem sem ostentação, Os infortúnios ocultos, O óbolo da viúva, Convidar os pobres e os estropiados, A beneficência, A piedade, Os órfãos, Benefícios pagos com ingratidão e Beneficência exclusiva.
Quanto às instruções dos Espíritos a respeito deste tema:
Começa com a máxima: “Amemo-nos uns aos outros e façamos a outrem o que queríamos que nos fosse feito.”
Quem se basear nessa regra áurea estará agindo na busca de sua perfeição.
Chama a atenção dos ricos para darem que serão recompensados.
Esse infeliz que repelis pode ter sido um filho, um pai... em outras vidas.
Caridade moral consiste em se suportar uns aos outros.
Há grande mérito calar para deixar o mais tolo falar.
Não anotar os erros dos outros não é humildade, mas caridade.
Esta não pode impedir a outra ou seja, a caridade material.
Irmã Rosália, Paris, 1860.
Como posso fazer caridade se não possuo o necessário?
A caridade pode ser feita de muitas maneiras: por pensamentos, palavras e ações.
Em pensamentos — orando pelos pobres abandonados que morreram sem ter podido mesmo ver a luz;
Em palavras — dirigindo palavras de ânimo aos irritados pelo desespero, às crianças e ao velhos descrentes de Deus;
Em ações — doando nosso tempo, nossos recursos financeiros, nossa boa vontade para os nossos semelhantes.
Meus amigos, a cada regimento novo o general fornece uma bandeira; eu vos dou esta máxima do Cristo: “Amai-vos uns aos outros.” Praticai essa máxima; reuni-vos todos ao redor desse estandarte, e dele recebereis a felicidade e a consolação.
Um Espírito protetor, Lião, 1860.
A caridade material, que consiste em fornecer roupas, alimentos e recursos financeiros aos mais necessitados não é tão difícil.
A caridade moral, porém, já é mais difícil, porque consiste em suportarmo-nos uns aos outros. Há, assim, grande mérito em calarmo-nos para deixarmos falar um mais tolo; sabermos ser surdos quando uma palavra de zombaria escapa de uma boca habituada a escarnecer (Kardec, 1984, cap. 13, it. 9 e 10, p. 173 a 175).
"Um sincero devoto da Lei foi exortado por determinações do Céu ao exercício da beneficência; entretanto, vivia em pobreza extrema e não podia, de modo algum, retirar a mínima parcela de seu salário para o socorro aos semelhantes...
Magoava-lhe o coração a impossibilidade de distribuir agasalho e pão com os andrajosos e famintos à margem de sua estrada...
Reconheceu, todavia, que, se lhe era vedado o esforço na caridade pública, podia perfeitamente guerrear o mal, em todas as circunstâncias de sua marcha pela Terra... ...
Assim é que passou a extinguir, com incessante atenção, todos os pensamentos inferiores que lhe eram sugeridos; quando em contato com pessoas interessadas na maledicência, retraía-se, cortês, e, em respondendo a alguma interpelação direta, recordava essa ou aquela pequena virtude da vítima ausente; se alguém, diante dele, dava pasto à cólera fácil, considerava a ira como enfermidade digna de tratamento e recolhia-se à quietude...
Era tão fortemente minucioso que chegava a retirar detritos e pedras da via pública, para que não oferecessem perigo aos transeuntes...
... Nessa posição, a morte buscou-o ao tribunal divino, onde o servidor humilde compareceu receoso e desalentado. Temia o julgamento das autoridades celestes, quando, de improviso, foi aureolado por brilhante diadema, e, porque indagasse, em lágrimas, a razão do inesperado prêmio, foi informado de que a sublime recompensa se referia à sua triunfante posição na guerra contra o mal, em que se fizera valoroso empreiteiro" (Xavier, 1966, cap. 20).
A caridade, esse sentimento interior, que no parecer de Paulo é mais excelente do que a fé e a esperança, deve ser diariamente praticada.
Dar de comer a que tem fome, no exato momento que a pessoa está com fome, vale mais do que a multidão palavras que estimulam a paciência e a resignação.